sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

POESIA DO CAJU





Juvenal Galeno

Cajueiro Pequenino
  
  Cajueiro pequenino,  
Carregadinho de flor,  
À sombra das tuas folhas  
Venho cantar meu amor, 
Acompanhado somente 
Da brisa pelo rumor, 
Cajueiro pequenino, 
Carregadinho de flor. 
  
Tu és um sonho querido 
De minha vida infantil, 
Desde esse dia... me lembro... 
Era uma aurora de abril, 
Por entre verdes ervinhas 
Nasceste todo gentil, 
Cajueiro pequenino, 
Meu lindo sonho infantil. 
  

Que prazer quando encontrei-te 
Nascendo junto ao meu lar! 
— Este é meu, este defendo, 
Ninguém mo venha arrancar – 
  

Bradei e logo cuidadoso, 
Contente fui te alimpar, 
Cajueiro pequenino, 
Meu companheiro do lar. 
  

Cresceste... se eu te faltasse, 
Que de ti seria, irmão? 
Afogado nestes matos, 
Morto à sede no verão... 
Tu que foste sempre enfermo 
Aqui neste ingrato chão! 
Cajueiro pequenino, 
Que de ti seria, irmão? 
  

Cresceste... crescemos ambos, 
Nossa amizade também; 
Eras tu o meu enlevo, 
O meu afeto o teu bem; 
Se tu sofrias... eu, triste, 
Chorava como... ninguém! 
Cajueiro pequenino, 
Por mim sofrias também! 
  

Quando em casa me batiam, 
Contava-te o meu penar; 
Tu calado me escutavas, 
Pois não podias falar; 
Mas no teu semblante, amigo, 
Mostravas grande pesar, 
Cajueiro pequenino, 
Nas horas do meu penar! 
  

Após as dores... me vias 
Brincando ledo e feliz 
O-tempo-será e outros 
Brinquedos que eu tanto quis! 
Depois cismando a teu lado 
Em muito verso que fiz... 
Cajueiro pequenino, 
Me vias brincar feliz! 
  

Mas um dia...   me ausentaram. . 
Fui obrigado...  parti! 
Chorando beijei-te as folhas. . . 
Quanta saudade senti! 
Fui-me longe... muitos anos 
Ausente pensei em ti... 
Cajueiro pequenino, 
Quando obrigado parti! 
  

Agora volto, e te encontro 
Carregadinho de flor! 
Mas ainda tão pequeno, 
Com muito mato ao redor... 
Coitadinho, não cresceste 
Por falta do meu amor, 
Cajueiro pequenino, 
Carregadinho de flor. 


















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