Pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que pessoas com menos de 55 anos aumentam em mais de 50% a chance de morte prematura
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos
indica que as pessoas têm um risco maior de morrer prematuramente se
tomarem mais de quatro xícaras (de 250 ml) de café por dia -
especialmente as com menos de 55 anos.
No estudo, realizado por cientistas da
Universidade da Carolina do Sul e divulgado na publicação científica
Mayo Clinic Proceedings, a saúde de 43.727 participantes entre 20 e 87
anos de idade foi analisada por, em média, 17 anos, entre os anos 1971 e
2002.
No período, foram registradas 2.512 mortes, sendo que 32% dos óbitos foram causados por doenças cardiovasculares.
Homens e mulheres com menos de 55 anos
mostraram ter mais tendência à mortalidade mesmo que tivessem consumido
menos café. Mas, no caso de um consumo de mais de 28 xícaras por semana,
os cientistas comprovaram um aumento de mais de 50% na incidência de
óbitos (56% no caso de homens), incluindo-se todas as causas de morte,
em relação aos que bebiam menos café.
Levando-se em conta homens de todas as idades, o mesmo consumo de café foi associado a um risco 21% maior de mortes prematuras.
No entanto, os cientistas não encontraram uma associação
“estatisticamente significativa” entre número de mortes e consumo de
café especificamente nos voluntários com mais de 55 anos.
"Nós criamos a hipótese de que a associação entre café e
mortalidade pode ocorrer por causa da interação entre idade e consumo de
café, combinado com um componente genético de vício à bebida", diz a
pesquisadora Xuemei Sui, que participou do estudo.
Fumo
Outro dado importante detectado pelos pesquisadores foi uma correlação entre café, fumo e baixa performance respiratória.
Outro dado importante detectado pelos pesquisadores foi uma correlação entre café, fumo e baixa performance respiratória.
Os homens e mulheres que relataram ter consumido
quantidades maiores de café apresentaram estatisticamente maior
tendência a fumar e a ter pouco condicionamento respiratório, duas
características comuns em quem desenvolve problemas cardíacos.
O café é uma complexa mistura química que consiste em
milhares de componentes. Estudos recentes demonstraram que a bebida é
uma grande fonte de antioxidantes na dieta e traz benefícios na redução
das inflamações e na melhora das funções cognitivas.
Entretanto, o café tem efeitos adversos por causa da
cafeína, que leva à liberação de adrenalina, inibe a atividade da
insulina, aumenta a pressão sanguínea e os níveis de homocisteína - um
tipo de aminoácido associado a problemas no coração e demência.
"Todos estes mecanismos (bons e ruins) podem
contrabalançar uns aos outros. Pesquisas também sugerem que aqueles que
consomem o café excessivamente podem apresentar riscos adicionais por
meio de mecanismos genéticos, devido aos efeitos de outros fatores de
risco com os quais o consumo de café está associado", explica a
pesquisadora que liderou o estudo, Junxiu Liu, do Departamento de
Bioestatística e Epidemiologia, da Universidade da Carolina do Sul.
Devido às conclusões da pesquisa, os cientistas sugerem
que pessoas mais jovens, em particular, evitem o consumo de mais de 28
xícaras por semana, ou quatro xícaras num dia. Entretanto, eles
enfatizam que mais estudos são necessários em diferentes populações.
Além disso, mais pesquisas seriam necessárias para
entender melhor a possível relação entre consumo demasiado de café e
mortes por qualquer tipo de doença ou, mais especificamente, a relação
entre o alto consumo da bebida e mortes por doenças cardiovasculares.
Para Carl Lavie, do Departamento de Doenças
Cardiovasculares do Centro Médico Ochsner, em New Orleans, e coautor do
estudo, "continua a haver um debate considerável sobre os benefícios da
cafeína e do café, principalmente com alguns estudos sugerindo a
toxicidade da bebida e outros relatando seus benefícios".
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