Há pouco
tempo Justus tinha sido preso em flagrante delito. Quando chegou à DRP foi
ouvido e liberado, pois o “arrastão” que tinha praticado numa escola pública da
cidade fora sem violência ou grave ameaça aos funcionários e alunos. Além
disso, ele tinha “apenas” 17 anos, 11 meses e 28 dias de idade.
Uma turma
de amigos que conversa em frente da delegacia ficou indignado quando Justus foi
solto:
- Isso é
um absurdo! - disse Zé. A puliça prende e sota na merma hora. Era mió nem
prender.
- Diga
isso não, rapaz – reprovou seu amigo João. Ele é “de menor” e a polícia não
pode mantê-lo preso. A culpa é do juiz que não manda prender.
- O juiz
também não pode fazer o que tem vontade, João. Ele tem que cumprir a lei. Se a
lei diz que menor não comete crime, o que o juiz pode fazer? – interveio
Antônio.
- Por
isso eu acho que a lei deveria mudar – retomou João. Maior de 16 anos já era
para ir pro xadrez.
- E onde
iam meter tanta gente, homem? – retrucou Antônio. As penitenciárias não cabem
mais nem quem é “de maior”, imagina essa molecada toda.
- Ué, era
só construir mais presídios – concluiu João.
- Penso
que seria melhor construir mais escolas, moradias dignas, postos de saúde,
áreas de lazer etc. – sugeriu Antônio.
- Purisso
Sô a favô da pena de morte – arrematou Zé. Assim um infeliz como esse Justu não
daria mais trabalho. Pelo meno alguém sabe de quem essa peste é fie?
- Ele é
filho de “Pingunço”, aquele bêbado que vive caído à porta do mercado público –
informou Antônio. Sua mãe mora no “Morro do Escorpião” e vive com o perigoso
“Chico Mau”. Aquele mesmo que furtou um saco de biscoito porque estava
desempregado e pegou quatro anos de reclusão. Depois que saiu da cadeia virou
bandido. Dizem que agora também bebe muito e quando bebe espanca a mulher (mãe
de Justus). Justus já prometeu que quando faltar um dia para ficar “de maior”
enfia-lhe uma bala no meio da testa.
- Então é
hoje. Ele fica “de maior” hoje – informou Zé. Vamo ficar aqui que ele vota já.
- Meu
Deus, para que Justus foi nascer? – se perguntou Antônio, saindo de fininho.
fonte: Blog da APOESC
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