Após um discurso tenso com cerca de 30 minutos, a presidente Dilma Rousseff
encerrou no início da tarde desta quarta-feira, 10, sua participação
na 16.ª Marcha dos Prefeitos sob vaias e gritos de parcela dos
participantes, que protestou pedindo mudanças no Fundo de Participação
dos Municípios (FPM). Dilma - que ainda discursava - desabafou: "Vocês,
como prefeitos e prefeitas, sabem; e eu, como presidenta, sei, que não
tem milagre e que fazer milagre na gestão pública não é verdade. Acho
que precisamos fazer um esforço para o que é emergencial." No discurso
de hoje, Dilma arrancou aplausos quando prometeu repassar R$ 3 bilhões
para o custeio das prefeituras, sendo R$ 1,5 bilhão em agosto e o
restante em abril do próximo ano.
Ela animou ainda mais a plateia quando, por
exemplo, prometeu repasses adicionais no valor de R$ 3 bilhões para
custear os médicos que vão ser contratados no interior do País e
periferias de grandes cidades, além de equipes de saúde. "Esses R$ 3
bilhões ajudam os prefeitos a prestar serviços de melhor qualidade, a
melhorar o seu custeio. Eles serão concedidos em duas parcelas. Uma em
agosto e a segunda em abril de 2014", anunciou.
"O Brasil não pode ir para frente e avançar mais se não
estivermos juntos", disse a presidente, acompanhada dos ministros da
Educação, Aloizio Mercadante, da Secretaria de Relações Institucionais,
Ideli Salvatti; da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; da Previdência,
Garibaldi Alves; da Cultura, Marta Suplicy; e da Saúde, Alexandre
Padilha.
Dilma disse também que queria anunciar mais recursos para
a saúde. Para isso, o governo federal vai aumentar o valor do Piso da
Atenção Básica (PAB) por habitante. "Esse é o repasse que não depende do
número de equipes de saúde do município. Corresponderá a uma ampliação
de R$ 600 milhões por ano, que o governo federal transfere para
custeio", disse.
A presidente disse que, com esse esforço que está sendo
feito na área de saúde, o governo se compromete a resolver uma questão
que é candente no Brasil, destacando que no País há 700 municípios que
não têm médicos. Segundo ela, por isso, os ministros da Educação,
Aloizio Mercadante, e da Saúde, Alexandre Padilha, explicaram ontem o
custeio integral de mais médicos nos postos de saúde e Unidades de
Pronto Atendimento (UPAs), especialmente no interior, nos municípios
pequenos, abaixo de 50 mil habitantes, que hoje têm dificuldades
enormes.
Segundo Dilma, além do pagamento dos médicos, o governo
federal vai repassar mais R$ 4 mil por mês para os municípios utilizarem
no custeio da equipe de saúde, enfermeiro, técnico de enfermagem ou na
manutenção do próprio posto de saúde.
Ela anunciou ainda o investimento de R$ 5,5 bilhões para
ampliar a infraestrutura da rede do Sistema de Único de Saúde (SUS).
Além disso, lembrou a presidente, o governo antecipou em 18 meses o
recurso do Fundeb, custeando creches.
Dilma lembrou ainda da proposta que destina os recursos
dos royalties para a educação e disse que, da forma como está sendo
proposta no Senado, "são essenciais". "O Brasil precisa de mais
educação. Onde tem mais recursos são os royalties. O critério de
repartição tem de ser o mais equânime, o mais equilibrado e o mais
democrático (entre os municípios)", disse.
A presidente disse que é impossível que no Brasil os
professores não sejam pagos de forma adequada, por isso é tão importante
a questão dos royalties do petróleo para o futuro e o presente do País.
Mal-entendido
Após a presidente Dilma deixar a Marcha dos Prefeitos, o
presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CMN), Paulo
Ziulkoski, pegou o microfone para desfazer um mal-entendido. Ele tratou
de explicar aos participantes do evento que os R$ 3 bilhões que tinham
sido citados momentos antes por Dilma representavam um aumento de cerca
de 1,3% do Fundo de Participação dos Municípios. Diante do
esclarecimento, muitos deixaram o evento avaliando que as vaias de parte
da plateia à presidente foram injustas. Oficialmente, porém, os
prefeitos reivindicam um reajuste de 2% do FPM e não apenas para este
ano, mas de forma constante.
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