Fala, Francisco, por Ricardo Noblat
“Algo
aconteceu com nossa política, ficou defasada em relação às ideias, às
propostas. As ideias saíram das plataformas políticas para a estética.
Hoje importa mais a imagem que o que se propõe.
(...) Endeusamos a
estatística e o marketing. Participar da vida política é uma maneira de
honrar a democracia. Seria necessário distinguir entre a Política com P
maiúsculo e a política com P minúsculo." [Papa Francisco]
Cidadania.
"A sociedade política só irá resistir se a satisfação das necessidades
humanas for a nossa vocação. Esse é o papel do cidadão. (...)
As
pessoas são sujeitos históricos, o que significa cidadãos e membros da
nação. O Estado e a sociedade devem gerar condições sociais que promovam
e atuem como guardiãs de seus direitos, permitindo que sejam
construtoras de seu próprio destino".
Dignidade.
"Não existe uma única violação da dignidade de um homem ou de uma mulher
que possa ser justificada por qualquer outra coisa ou ideia. Nem uma
única. (...)
Quando uma pessoa ou um povo vende sua dignidade, ou a barganha, todo o resto perde consistência e deixa de ter valor".
Verdade.
"Em uma sociedade na qual as mentiras, os disfarces e a hipocrisia
fizeram com que as pessoas perdessem a confiança básica no contrato
social, o que poderia ser mais revolucionário do que a verdade?"
Marginalização.
“Antes, em nossa sociedade, podíamos falar de opressores e oprimidos.
Com o tempo, notamos que essa categorização não era suficiente, havia
que acrescentar mais uma, a de incluídos e excluídos. Hoje em dia, a
coisa ficou muito mais selvagem e temos que acrescentar outra antinomia:
os que entram e os que sobram. Nesta civilização consumista, hedonista,
narcisista, estamos nos acostumando ao fato de que certas pessoas são
descartáveis.”
Neoliberalismo.
"A crise socioeconômica e o consequente aumento da pobreza têm suas
origens em políticas inspiradas por formas de neoliberalismo, que
consideram o lucro e as leis do marcado como parâmetros absolutos acima
da dignidade das pessoas ou dos povos. (...)
Na predominante
cultura neoliberal, o externo, o imediato, o visível, o rápido, o
superficial: estes ocupam o primeiro lugar, e o real cede terreno às
aparências".
Globalização. “A globalização que
uniformiza é essencialmente imperialista e instrumentalmente liberal,
mas não é humana. Em última instância, é uma maneira de escravizar os
povos. (...)
A globalização, como uma imposição unidirecional e
uniforme de valores, práticas e bens, anda de mãos dadas com a imitação e
a subordinação cultural, intelectual e espiritual".
Pátria.
"A Pátria é o patrimônio dos pais, o que recebemos daqueles que a
fundaram. São os valores que nos entregaram em custódia, mas não para
que os guardemos em uma lata de conserva, e sim para que, com o desafio
do presente, os façamos crescer e os lancemos à utopia do futuro. Esse é
o nosso patrimônio".
Religião e Política.
"Pensar que o poder é impor o meu caminho, alinhar todo mundo e fazê-los
andar por essa trilha me parece errado. Agora, se concebo o poder de
uma maneira antropológica, como um serviço à comunidade, é outra coisa. A
religião tem um patrimônio e o põe a serviço do povo, mas, se começa a
se misturar com politicagem e a impor coisas por baixo do pano, se
transforma em um mau agente de poder. (...)
"Algumas pessoas me
dizem: 'Padre, os políticos não estão fazendo nada'. Mas e você, o que
está fazendo? Se não faz nada, então grite".
fonte G1.globo.com
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