domingo, 30 de dezembro de 2012

O CARONA





Teixeirinha Alves da Silva

O CARONA
               Ao poeta José Alberto Dantas (Buca)
                                                    

Polegar em riste, braço em pêndulo,

Antes mesmo do sol, ele já está na estrada.
Destino marcado:                                      
Se soldado, seu trabalho;
Se estudante, sua escola;
Se mendigo, qualquer lugar.

Horas a fios nos quebra-molas,
Recebendo negativas e caretas.
Para muitos, humilhação;
Quanto a ele, festa e entretenimento.
E um automóvel pára!

Enquanto espera, filosofa,
Cria teorias, derruba governos e faz revoluções (mesmo o mendigo).
Apóia-se nas placas; busca a sombra (qual sombra?!)
Olha o relógio, se o tem, e discute com o tempo.
E um automóvel pára!

Amigo do asfalto; inimigo dos “busões”.
E pensa: “Carona é bom à vista, não à prestação”.
Os táxis o ignoram; os caminhões o temem.
Não suporta chuva ou anoitecer.
E um automóvel pára!

Com fome e sede algumas vezes,
Entende o que significa humildade.
Guarda cada aventura em sua alma
E um pouco de seu passado nas rodagens.
Até que um automóvel pare!

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